20 de março de 2010

mundo subterrâneo


Há três anos que não a via.
Tomavam o exemplo dos pais, que apesar de viverem e trabalharem em locais diferentes continuavam a não esquecer os amigos com quem brincaram quando eram crianças. 40 anos depois ainda se viam, falavam e riam sem qualquer desconforto.
Prometeram a si próprias que elas também seriam assim mas não foram.
Voltaram a ver-se no metro. Inesperado, estranho e no mínimo desconfortável.
O cabelo estava diferente, mais longo. Já usava um risco preto carregado à volta dos olhos e muitos anéis nos dedos.
Também ela olhou para a antiga amiga e notou nos pormaiores.
"Então, o que tens feito? O que vais fazer?" perguntas normais quando se revisita um amigo mas tudo continuava a ser esquisito.
Com tantas carruagens de metro logo tinha de ter entrado naquela.
Um calor carregado de culpa enchia o corpo. Só esperava não começar a transbordá-lo em forma de suor. Não cumpriram o que tinham prometido uma à outra, já não eram amigas. Desceram à qualidade de conhecidas.
A viagem teriminou, finalmente.
O suor de culpa evaporou-se. Um calafrio tomou o seu lugar, entrando pela coluna e o correndo para o pescoço. Seria possível? Tornarem-se amigas outra vez.


Será que noutra estaria também um outro amigo esquecido no caixote dos amigos de infância?



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Punch Lines and Dead Lines